Você tem um cérebro emocional ou racional?

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Um espírito racional prevalece sobre um espírito emocional, ou seria o contrário? O debate entre defensores da razão e da emoção nunca deixará de existir, e talvez esses dois grupos sejam mesmo irreconciliáveis. O interessante, porém, é que esta oposição pode ter bases neurobiológicas.

Assim, os “emocionais” e os “racionais” teriam cérebros diferentes. Esta é, ao menos, a conclusão de pesquisadores da Escola de Ciências Psicológicas da Universidade de Monash, na Austrália, que estudaram a empatia – a capacidade de se colocar no lugar do outro – e suas duas facetas, a afetiva e a cognitiva. A empatia afetiva, ou emocional, é uma reação automática que consiste em “sentir” o estado emocional de uma pessoa. Já a empatia cognitiva é a capacidade de “visualizar” o estado mental do outro. As duas facetas da empatia estão presentes em todos os indivíduos, mas em graus diferentes. É justamente esta variação que os pesquisadores utilizaram para diferenciar as bases anatômicas dos dois tipos de empatia.

Para observar a estrutura do cérebro, os pesquisadores utilizaram uma técnica de neuroimagem chamada de VBM (voxel-based morphometry) que permite medir o volume de massa cinzenta dentro de um voxel, um tipo de pixel em 3D. Em paralelo, eles fizeram um teste com 176 pessoas para comparar seus graus de empatia cognitiva e afetiva.

Os pesquisadores perceberam que os resultados favoráveis à empatia afetiva eram relacionados a uma maior densidade de massa cinzenta na região da ínsula, localizada no meio do cérebro e responsável por diversas funções, sendo várias delas ligadas à emoção. Ao contrário, os resultados em favor da empatia cognitiva eram vinculados a uma densidade elevada de massa cinzenta no córtex cingulado médio.

“A compilação destes resultados permite confirmar que a empatia é uma construção de vários componentes, sugerindo que as empatias afetiva e cognitiva são representadas de formas distintas na morfometria cerebral, mas também por diversas redes neurais e estruturais”, concluíram os autores do estudo.

Para os pesquisadores, a próxima etapa é determinar se é possível treinar um tipo de empatia para melhorar seu desempenho, ou, ao contrário, se este tipo de empatia pode se perder se não for usado com regularidade.

O que já sabemos é que o cérebro tem capacidade de se modificar a partir de estímulos, o que os neurocientistas chamaram de neuroplasticidade.

 

Traduzido por Yann Walter

Fonte : Eres R., Decety J., Louis W.R., Molenberghs P.Individual differences in local gray matter density are associated with differences in affective and cognitive empathy. Neuroimage. 2015 May 22;117:305-310. doi: 10.1016/j.neuroimage.2015.05.038.

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