Cinco mitos sobre a memória

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cinco-mitos-sobre-memoriaO que somos é definido por nossa memória. Nossa personalidade e nossa vida dependem dela. Assim sendo, é normal que ela esteja no centro de nossas preocupações. No entanto, apesar da evolução do conhecimento, ainda existem muitos mitos sobre o funcionamento dela. Seguem abaixo os cinco principais:

  1. Nossa memória de longo prazo é semelhante à memória de um computador

ERRADO: Nossa memória de longo prazo e um computador tem propriedades exatamente opostas. Para começar, ela é ilimitada. Ao contrário da memória do computador, ela não fica cheia. Na verdade, acontece justamente o inverso: quanto maior o conhecimento sobre uma área específica (música, idiomas, literatura…), maior a facilidade para adquirir novas informações sobre esta área. E a recíproca é verdadeira! Se você tiver pouco ou nenhum conhecimento sobre uma disciplina, será muito mais difícil memorizar informações relacionadas a esta disciplina. Além disso, uma informação estocada na memória do computador permanece imóvel, enquanto nossa memória de longo prazo está sempre em mutação. Cada nova lembrança que entra no seu cérebro pode modificar as lembranças já estocadas nele. Por exemplo, se você sempre acreditou que a memória de longo prazo era igual à memória de um computador, o simples fato de ler e memorizar esta matéria irá modificar seu cérebro, uma vez que corrigirá suas lembranças antigas sobre o assunto.

  1. Depois dos 20 anos só perdemos neurônios

ERRADO: Em 1998, os cientistas Peter Eriksson e Fred Cage comprovaram a existência de uma neurogênese (fabricação de novos neurônios) no cérebro. Essa neurogênese pode acontecer durante toda a vida. Para estimular este processo, são necessários cinco elementos: otimismo, curiosidade, boa gestão do estresse, alimentação saudável e atividade física regular.

  1. O cérebro se forma até os seis anos

ERRADO: A plasticidade do cérebro faz com que ele consiga sempre se readaptar em função de seu ambiente. Nosso cérebro evolui constantemente, desde que tenha novas experiências para processar. Cada experiência nova cria e ativa conexões. Uma pessoa que sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) pode recuperar funções destruídas graças à plasticidade do cérebro, ou seja, a capacidade do cérebro de criar novas conexões em suas áreas ainda saudáveis.

  1. Usamos apenas 10% do nosso cérebro

Este é sem dúvida o maior mito sobre o cérebro. Apesar de muito interessante, essa ideia é falsa. Utilizamos 100% do nosso cérebro, e nenhuma zona fica inativa. Claro que não usamos 100% de nossas capacidades de forma simultânea, mas 100% de nossos circuitos são ativados em um momento ou outro, como mostram as imagens por ressonância magnética funcional. Qualquer lesão impacta o funcionamento do cérebro, órgão de aproximadamente 1,3 kg que consome sozinho 20% de todos nossos recursos em oxigênio e glucose. Já pensou se todo esse consumo, já gigantesco, servisse para ativar apenas 10% de nosso potencial?

  1. Existe apenas um cérebro

ERRADO: Temos um segundo ‘cérebro’ no intestino, conhecido como cérebro entérico. Este cérebro, também chamado de sistema nervoso entérico, é formado por mais de 100 milhões de neurônios organizados em rede em todo o tubo digestivo. O sistema nervoso entérico se comunica com o sistema nervoso central através do nervo vago.

Fonte: Isabelle Simonetto, doutora em neurociências e especialista em memória

Tradução: Yann Walter

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