As pessoas geralmente vão à academia para fortalecer os músculos e ganhar resistência, garantindo assim o bom desempenho do corpo. Essa dedicação traz enormes benefícios, já que se manter em forma significa evitar uma série de doenças que aparecem com a idade. Mas será que o cérebro funciona da mesma maneira? Isto é, será que fazer exercícios mentais ajuda a manter o cérebro afiado? Os cientistas dizem que sim.
Um estudo publicado há pouco tempo sugere que ler livros, escrever textos e realizar outras atividades similares que estimulam o cérebro reduzem a perda cognitiva numa idade avançada, independente da presença de doenças neurodegenerativas. Em particular, pessoas que sempre participaram de atividades mentalmente estimulantes, desde a infância até a velhice, apresentaram uma perda muito menor de memória e outras habilidades mentais do que as demais pessoas.
Os pesquisadores aplicaram uma bateria de testes para medir o desempenho mental de 294 pessoas, todo ano durante seis anos. Os participantes também responderam um questionário sobre seus hábitos de leitura e escrita, da infância à velhice. Após a morte dos participantes com uma idade média de 89 anos, os pesquisadores examinaram seus cérebros procurando evidências de sinais físicos de demência, como lesões, placas e emaranhados.
Cruzando as informações do desempenho mental, do questionário e da autópsia, os pesquisadores descobriram que qualquer leitura e escrita é melhor do que nenhuma. Também descobriram que a maior frequência de atividade mental ao longo da vida estava associada a um menor declínio cognitivo na velhice, independente da presença de sinais de demência.
A demência afeta uma quantidade enorme de pessoas e, até o momento, não existe tratamento capaz de combater essa condição, o que aumenta a importância de se adotar estilos de vida que reduzem o risco de ela se manifestar. Como foi sugerido pela pesquisa, um dos estilos de vida que retarda o aparecimento da demência é a prática da leitura e da escrita. A leitura é um exercício para o cérebro porque a compreensão de texto requer mais energia mental do que, por exemplo, processar a imagem da tela de televisão.
Esses resultados são consistentes com a hipótese da reserva cognitiva, que defende que a prática frequente de atividades que desafiam o cérebro cria um estoque de conexões neuronais que tornam o cérebro mais resistente aos danos decorrentes do envelhecimento, ou de doenças.
Então, já decidiu o que fazer? Vai assistir televisão ou exercitar seu cérebro? Escolha já um dos livros indicados ou acesse o seu programa de treinamento para desenvolver sua reserva cognitiva e manter seu cérebro em forma!
Fonte:
Wilson e outros, Life-span cognitive activity, neuropathologic burden, and cognitive aging, Neurology, 2013, n.81, pp.308-309