O Alzheimer é um dos diagnósticos mais temidos entre pacientes da terceira idade. Ele destroi a mente das pessoas, sua personalidade e a noção de quem elas realmente são na essência. Ao menos por enquanto, não há nada na medicina moderna que pode ser feito para deter a doença. Estudos realizados pelo Instituto Karolinska, na Suécia, mostraram no entanto fortes evidências de que podemos retardar os sintomas da doença com exercícios físicos, exercícios para o cérebro, interações sociais e alimentação rica em frutas e vegetais, além do monitoramento dos mesmos fatores de risco das doenças cardiovasculares.
A má notícia: o Alzheimer é inevitável para as pessoas que já foram diagnosticadas com a doença. A boa notícia: pessoas que estão em fase avançada da vida e apresentam alto risco de manifestar o Alzheimer têm chances de retardar o problema, mudando seu estilo de vida. Nestes estudos, os pacientes tinham entre 60 e 77 anos.
“Esta é uma informação muito importante”, disse Miia Kivipelto, líder do grupo de pesquisadores, que apresentou o estudo no encontro anual da Associação de Alzheimer 2015. “É possível fazer algo pelo seu cérebro quando você tem 70 anos de idade”.
O Estudo de Intervenções Geriátricas para Prevenção das Funções Cognitiva foi realizado com 1260 pessoas, na Finlândia, que apresentavam alto risco de demência e tinham desempenho cognitivo mediano ou atrasado em dois anos em relação à idade. Eles foram divididos em dois grupos.
Um, o grupo de controle, recebeu aconselhamento médico especial e passou por testes cognitivos regulares. O outro grupo passou por uma bateria de intervenções.
Durante os tratamentos
Os voluntários participaram de sete sessões em grupo e três individuais de nutrição, com foco em aumentar o consumo de frutas, vegetais e peixes, e evitar gordura saturada.
Exercícios físicos intensivos. Três meses antes do estudo, eles começaram a fazer musculação uma ou duas vezes na semana. Durante o estudo, o treinamento foi intensificado para duas ou quatro vezes por semana. E posteriormente o treino cardiovascular aumentou para cinco a seis vezes por semana.
Eles fizeram também exercícios de treinamento cognitivo. Isto foi feito em 11 sessões em grupo durante o estudo, além de inúmeros treinamentos individuais.
Para controlar riscos de doenças do coração, como pressão alta e colesterol alto, eles passavam em consulta com uma enfermeira a cada três meses, e fizeram três avaliações com um treinador físico em um período de três anos.
Os benefícios destas intervenções foi medido com uma bateria de testes para a memória, função executiva e velocidade de pensamento.
Até agora, os estudos destes gênero não trazem informações exatas, diz Kivipelto, porque combinam diferentes testes em um só. Mas o que está claro é que após dois anos de tratamento, os ganhos são significativos, inclusive para o cérebro.
Na comparação entre os dois grupos, os pacientes que receberam treinamentos tiveram resultados melhores de forma global.
“Há anos sabemos que praticar exercícios físicos (3 vezes na semana, durante 30 minutos, no mínimo) é melhor do que nada ou até mesmo bom para evitar declínio cognitivo. Seria mais fácil se tivéssemos uma pílula para isso, mas não temos!”, escreveu Samuel Gandy, diretor do Centro para Saúde Cognitiva e Neurologia de Monte Sinai, por e-mail, após analisar os resultados do estudo. Ele acredita que futuramente poderemos ter novos recursos para conseguir benefícios extras com exercícios.
Uma grande questão que precisamos responder nos próximos estudos é ‘de que forma diversos tipos de tratamento (treinamentos e testes) afetam a saúde mental dos pacientes?’.
E depois: estes tratamentos funcionam tão bem em Ohio quanto na Suécia? E quais são os resultados de longo prazo dos exercícios para o corpo e dos exercícios para a mente?
O estudo ainda acompanhará os pacientes por sete anos, na tentativa de encontrar novas respostas para nós.
Este texto foi extraído da revista americana Forbes de Julho de 2014