Use-o ou perca-o

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Pesquisa esclarece sobre mecanismo molecular: por que um ambiente estimulante pode proteger contra a doença de Alzheimer?

“Use-o ou perca-o”. Esta frase pode ser usada em referência ao cérebro, especialmente quando se trata de prevenção contra a doença de Alzheimer. Estudos já demonstraram que manter a mente ativa com exercícios e interações sociais pode ajudar a retardar o aparecimento da demência causada pelo Alzheimer.

Um estudo conduzido por Dennis Selkoe, co-diretor do Centro para Doenças Neurológicas no Departamento de Neurologia do Brigham and Women Hospital (BWH), hospital da Escola de Medicina de Harvard em 2013, sustenta a ideia de que a exposição regular do cérebro a novidades é benéfica e pode retardar um dos principais fatores negativos na doença.

A Doença de Alzheimer ocorre quando uma proteína denominada beta-amiloide acumula e forma “placas senis” no cérebro. Esse acúmulo de proteína pode bloquear a comunicação entre as células nervosas do cérebro. Isto pode levar a uma perda gradual dos processos mentais de uma pessoa, tais como a memória, a atenção e a capacidade de aprender, compreender e processar informações.

Os pesquisadores da BWH usaram ratos selvagens no experimento para avaliar a forma como o ambiente pode influenciar na manifestação do Alzheimer. Os ratos selvagens, diferentes dos usados em pesquisas anteriores, pareciam ter mais similaridades em relação aos seres humanos.

Os cientistas concluíram que a exposição prolongada a um ambiente enriquecido ativa determinados receptores cerebrais relacionados à adrenalina e inibe a ação da proteína beta-amiloide, preservando, portanto, a comunicação entre as células nervosas do cérebro no “centro de memória”, o hipocampo. O hipocampo desempenha um papel importante tanto na memória de curto quanto na memória de longo prazo.

“Esta parte do nosso trabalho sugere que a exposição prolongada a um ambiente mais rico pode ajudar a proteger o hipocampo dos efeitos ruins de beta-amiloide, que se acumula a níveis tóxicos em 100% dos pacientes com Alzheimer”, disse Selkoe.

Além disso, os cientistas descobriram que a exposição do cérebro a novas atividades, em particular, proporcionou uma maior proteção contra a doença de Alzheimer do que quando expostos apenas a exercícios aeróbicos. De acordo com os pesquisadores, essa observação pode ser devida à estimulação que ocorreu não só fisicamente, mas também mentalmente, quando os ratos movimentaram-se rapidamente de um objeto para outro.

Artigo traduzido do Centro para Doenças Neurológicas do Brigham and Women Hospital (BWH), hospital da Escola de Medicina de Harvard

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